A
origem libertária do dia das mulheres que trabalham (08 de março):
De acordo com a imprensa
burguesa o 08 de março comemora a morte de 129 trabalhadoras têxteis em Nova
Iorque que morreram queimadas vivas por um incêndio na fábrica, por iniciativa
do proprietário, em 1857.
Isso sem qualquer base ou
suporte histórico e repetida em escolas, jornais, folhetos, eventos,
congressos, etc... não é nada mais do que um mito ...
De fato, se houve uma greve,
se houve fogo, se houve trabalhadoras mortas, não foi em 8 de março de 1857,
foi em 1908, quando 40.000 costureiras das grandes fábricas têxteis entraram em
greve, exigindo o direito de sindicalização, salários mais altos, redução do
horário de trabalho e a abolição do trabalho infantil.
Uma coisa é certa. Essas
trabalhadoras não exigiam o sufrágio universal, não pediam para serem políticas,
não exigiam mandatos em congressos nacionais, não pediam para serem patroas, não
pediram para ocupar cargos hierárquicos normalmente ocupados por homens
naqueles anos, como elas diziam:
"Queremos
pão, mas também nós queremos rosas!..."
Durante a greve, foram
brutalmente reprimidas pela polícia, tomaram a fábrica "Triangle". Local
que se produziu um incêndio do qual cerca de 146 mulheres morrem; a mais jovem
operária vitima do fogo e da violência patronal tinha 14 anos. 120 mil operárias
participaram da reunião-funeral.
Qual é a razão para que a
mudança do ano real da greve? O motivo foi desvincular o caráter libertário das
mulheres que se levantaram em greve porque a maioria era do IWW (sindicato
anarquista que tinha um quarto de milhão de membros e ideologicamente se opunha
ao socialismo autoritário, defendendo a organização libertária).
A suposta greve de 1857 é
um mito fabricado pela ONU para amputar o caráter revolucionário desta data,
e estabelecer legalmente dentro dos parâmetros dos estados como um dia festivo,
um feriado a mais, sem nenhuma reclamação "chata" para seus interesses.
A ONU estabeleceu o "Dia da Mulher", quando na verdade ele é o dia
das MULHERES TRABALHADORAS e comemorado muitas décadas antes de se estabelecer
"legalmente":
Teresa Claramunt,
anarquista, Catalã operária têxtil, jornalista e sindicalista. Criou em 1889 junto
com Ángeles López de Ayala e Amalia Domingo, a Sociedad Autónoma de las Mujeres, o primeiro grupo de
auto-emancipação de mulheres trabalhadoras, sem recursos econômicos.
Elas e outros lutadores propiciaram
que o 08 março fosse celebrado como um dia reivindicativo de protesto através
de uma greve de 3.500 trabalhadoras têxteis em Igualada, Barcelona, realizada
no ano de 1881, exigindo direitos laborais e sociais - a revolução social.
Um grupo de mulheres foi
preso nos 5 meses que durou a greve. Desde então, a cada mês de março, as trabalhadoras
do mundo saem às ruas a clamar por seus direitos, o mês de março é cheio de
conotações libertárias...
Mais tarde no ano de 1912,
longe dos banquetes burgueses, as trabalhadoras têxteis de Lawrence foram à greve.
A grande maioria não estava organizada em sindicatos socialistas ou comunistas,
já que a AFL aceitava apenas trabalhadores qualificados, ou seja, apenas a
homens brancos. A organização que liderou a greve foi o IWW, organização que
era maioria no interior do movimento operário dos EUA e que via como essencial
organizar os mais explorados entre os trabalhadores: mulheres, negros e
imigrantes.
"A
história do progresso esta escrita com o sangue de homens e mulheres que
ousaram a abraçar uma causa impopular, como, por exemplo, o homem negro ao
direito de seu corpo, ou o direito das mulheres à sua alma...” Emma
Goldman